terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mudar!!!




"Bran dormia (...) O melhor era deixá-lo só. O melhor, de facto, era levar o cavalo, uma faca afiada e deixá-lo. Ir para casa. Rumo a sul, na direcção de Sevenwaters. Era capaz de atingir a estrada antes do escurecer, se cavalgasse depressa. Mas não fui. Afastei-me apenas para que ele tivesse a sua privacidade. Enrolei-me num cobertor contra a possibilidade de chuva, peguei na lamparina para mais tarde, fui para o outro lado do monte, perto da lagoa deitei-me em cima das rochas suaves, á medida que o céu ia escurecendo e mudava para violeta do crepúsculo. As nuvens continuavam a passar por cima, cor de metal escuro, cor-de-rosa nas extremidades. Ouviu-se um trovão, ao longe. Cobarde, disse eu a mim própria. Por que é que não foste quando pudeste? Queres ir para casa, não queres? Nesse caso, por que não agarraste a oportunidade? Louca. Mas por baixo daquelas palavras havia uma espécie estranha de calma, o sentimento que nos assola quando pisamos o desconhecido, quando tudo está mudado e esperamos que as coisas façam sentido.” (Do Livro: “O Filho das Sombras”)




"O meu tio Conor estava pálido.

- Cometi um erro terrível. Porque, na verdade, o filho de uma feiticeira não pode tornar-se um druida (...)

- Por aquilo que me diz, ele não é, nem fraco, nem ignorante. Apesar da sua cólera, é um jovem que, certamente, pesará as suas hipóteses cuidadosamente e com alguma habilidade. Não acredito que, por ser filho dela, tenha de ser inevitavelmente demoníaco na vida. Dizer isso é dizer que não temos qualquer escolha no que fazemos e na maneira como conduzimos a nossa vida (...) Talvez alcancemos pouca coisa neste mundo; talvez o nosso campo de acção seja, de certo modo, limitado. Mas dentro desses limites temos o poder de mudar as coisas; o poder de escolher e onde devemos ir (...) O tio educou Ciarán no sentido do equilíbrio e da sabedoria. Ele transporta isso consigo, do mesmo modo que transporta o sangue da sua mãe. Aquilo que lhe incutiu com tanto amor, ao longo de longos anos de treino, transformou-o num homem forte. Talvez mais forte do que o tio imagina." (Do Livro: “O Filho das Sombras”)



Neste caso, talvez, esperar não seja o melhor remédio, talvez nos perguntemos o porquê de ter mudado, mas que diferença faz isso? Nesta situação o melhor mesmo é agir e não fugir, se nos encontramos no desconhecido, então deixemo-nos ficar lá. Quantos de nós quando acaba um jogo de computador, não vai comprar um novo? Qual é a piada de já se saber jogar um determinado jogo, muito bem, se não encontramos nada de novo nele? Que nos faça experimentar sentimentos e emoções diferentes daquelas que já conhecemos? Por vezes até ficamos espantados, quando nos apercebemos que o velho jogo nos ajudou a jogar o novo.
Mas a vida não é um jogo, por esse mesmo motivo é que devemos aceitar a mudança como algo de bom, que nos faz andar, crescer e sentir que temos algo para fazer neste mundo, sem que entendamos necessariamente tudo, porque há sempre uma determinada altura, que algo nos ilumina. Então aceitemos a mudança e tenhamos forças para acreditar nas nossas escolhas mesmo que ninguém espere de nós essas decisões. Temos é que nos solidificar no que acreditamos e no que sentimos ser a verdade dentro de nós, mesmo que, não exista mais ninguém que vislumbre isso, saibamos agradecer o que recebemos com a mudança.
Possivelmente isto soa a teimosia, principalmente quando alguém que admiramos muito acha incrédulo a nossa escolha, mas ai é que está tenhamos a coragem de ganhar ou perder com as nossas escolhas e não com as dos outros, sejamos fiéis ao que está dentro de nós e ao que achamos ser o certo.
Isto implica muita força, destreza, paciência, fidelidade e muita firmeza no que fazemos, é difícil porque existirá sempre alturas que sentiremos que estamos a deitar tudo a perder, apesar de sabermos plenamente que a nossa luta é cheia de amor e não de egoísmos.



Então, sejamos fortes!!! :o)